quarta-feira, 11 de setembro de 2013

História da Quinta da Estrela

A Quinta da Estrela é muito antiga pois pertenceu no século XVII aos Lobatos, família com grandes tradições na vila e termo de Almada desde o século XV, sendo aqui proprietário, em 1680, um Vicente Lobato Quinteiro. Esta mesma propriedade passou depois para o seu filho, Simão Lobato Quinteiro, que no século XVIII (1711), mandou nela edificar uma Capela ou Ermida dedicada a Nossa Senhora da Assunção, sendo a quinta então conhecida por Quinta dos Lobatos.
Ainda no século XVIII passa à posse de António Rodrigues Neves, Cavaleiro do Hábito de São Tiago e Escrivão do Fisco Real (1728), que adquire várias propriedades vizinhas aumentando a área da quinta; e depois deste a sua filha: Dona Genoveva Teresa das Neves (1750), casada com Manuel Barbosa Torres, Cavaleiro da Ordem de Cristo, filho de Dona Maria Teresa de Abreu e Estêvão Martins Torres, um dos homens mais ricos do reino, com grandes armazéns em Lisboa e que fez fortuna com o comércio no Brasil e Angola.
Manuel Barbosa Torres, além de irmão de António Martins Torres, também proprietário no termo de Almada de Quintas na Raposeira e na Arrábida, era ainda irmão de Maria Joaquina de Abreu, mulher do Licenciado João Pedro Ludovice, Cavaleiro Fidalgo e da Ordem de Cristo, Escrivão da Mesa do Desembargo do Paço, afilhado de D. João V, filho do Arquitecto mor João Frederico Ludovice, autor do risco do Convento de Mafra …
Tendo permanecido na posse de Manuel Barbosa Torres e seus herdeiros por vários anos, esta quinta era conhecida, ainda no fim século XVIII, por Quinta dos Barbosas, sendo então circundada pela azinhaga dos Possolos, onde havia um poço, e tinha uma alameda feita pelos Barbosas em 1796, na qual se situava uma Capela de Santo António, cuja imagem era de tamanho natural, e nela havendo também uma Capela do presépio, atribuído ao famoso escultor Joaquim Machado de Castro. Já quanto à Capela inicial da Quinta, depois da sua edificação, esta aparece umas vezes com o título de Nossa Senhora da Estrela (1737, 1758 e 1760), outras com o de Nossa Senhora do Monte do Carmo (1767, 1785 e 1796).
Em 1810, por via de processo judicial, a já então denominada Quinta da Estrela passou a pertencer a D. Antónia Joaquina Pereira de Carvalho, que fez reconhecimento à Irmandade da Concórdia de prazo que tinha dentro da mesma quinta, contudo em 1824 a propriedade encontrava-se de novo em litígio judicial. Aparece depois, em 1847, uma "Quinta da Estrella" na posse de Manuel Joaquim Torres Gomes, podendo contudo tratar-se da outra quinta com o mesmo nome em Caparica, a Quinta também conhecida por Estrelinha, que se situa junto aos Capuchos.
Passados alguns anos pertenceu a D. Joaquina da Fonseca, que a deixou à filha D. Angelina Sofia da Fonseca, proprietária da mesma em 1882, mas já falecida em 1896, sucedendo-lhe o esposo José Rodrigues Lima.
A Capela de Santo António da Estrela, cuja imagem era de tamanho natural e fora destruída em 28-4-1890, teve uma festa dedicada a este Santo, organizada entre 1886 e 1893.
No século XX, a propriedade pertenceu ao capitão de cavalaria Mário Augusto de Meneses Machado, que tinha em seu poder as imagens de Nossa Senhora da Estrela, antiga e rica escultura em madeira, e de Santo António, uma vez que, já em 1945, diz o Conde dos Arcos, da primeira Capela já só restavam as paredes e da pequena Ermida do taumaturgo, encontrava-se também bastante danificada e sem culto. Também em ruínas se encontrava o magnífico presépio, anteriormente citado.
Em 1972, a quinta pertencia ao filho do dito capitão e tinha ainda frondoso arvoredo e muitas cantarias dispersas.
Nesta quinta, cujas casas apresentam ainda vários elementos da sua arquitetura setecentista, tais como as portadas das janelas, parece que actualmente já nada resta do espólio das antigas capelas!


Rui Manuel Mesquita Mendes

3 comentários:

  1. Meu bisavô!

    Mário Augusto de Meneses Machado, Comendador da Ordem de Cristo (5-10-1924), 1.º Sargento que se destacou no levantamento militar do 5 de Outubro e cujo testemunho consta no documento célebre do Major de Cavalaria Tomás de Sousa Rosa intitulado «A Revolução de Outubro — Resposta ao ex-coronel Alfredo de Albuquerque», esteve envolvido nas campanhas militares do Ultramar, nomeadamente durante a 1.ª Grande Guerra em Moçambique, foi depois Tenente de Cavalaria (1937) e Capitão de Cavalaria (1945).

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  2. Gostaste Rafael Matos? Quando é que voltas à Quinta da Estrela? Um grande beijinho

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